Não nascemos racistas, nossos preconceitos são construídos por influências sociais e culturais que despertam o que há de ruim dentro de nós. O racismo é algo presente em todas as sociedades em diversos períodos da história. É o estranhamento e a repulsa ao diferente, no entanto, tem na relação de poder o seu lado mais cruel, onde o dominador se coloca como superior ao dominado. Quando um grupo étnico conquista ou escraviza outra etnia e desta relação surge uma nação, sempre haverá revolta e discriminação. Na verdade o mal que se aflora faz com que: “O homem seja lobo do homem”, ou seja, apesar de ter grande potencial para fazer o bem, ele também é capaz de odiar e destruir os da sua própria espécie, principalmente quando busca por interesses particulares.
Agora, como reflexão, imagine se Deus quisesse redimir a espécie humana com um plano de vir ao mundo ou mandar um representante para ensinar aos homens. Deus, então, decide enviar seu próprio filho, enviando-o para região da Judeia durante a dominação romana. Seu filho que viria em forma de homem, nasceria em uma família humilde. Ele começaria ensinar quando já fosse adulto, escolheria discípulos para que a mensagem de seu pai celestial fosse ensinada aos homens. Digamos que Deus gostaria que todos os homens soubessem das boas novas. Ele ainda não havia começado seu projeto, como é onisciente, de forma anacrônica, Deus resolve contratar uma empresa de marketing do século 21 para dar visibilidade a seu produto. Como os dominadores eram romanos, os publicitários dariam ao filho de Deus uma imagem de um típico romano; ele teria pele clara e macia; cabelos longos e sedosos; seus olhos seriam azuis. Esta imagem seria bem recebida pelos romanos, assim, ficaria mais fácil Roma comprar a ideia e, posteriormente outros povos receberiam com mais facilidade.
Os publicitários apresentam a campanha, mas, Deus não gosta do resultado. Então, Deus resolve escrever um anúncio para nortear o projeto e escolher a aparência que seu filho teria. Deus revela para um de seus profetas chamado Isaías a imagem do Cristo que seria o principal modelo para anunciar sua mensagem aos homens. Isaías então escreve: “Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um a quem os homens escondem o rosto, era desprezado e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos como aflito de Deus e oprimido. Mas ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:1-6). Os publicitários que já conheciam a colonização do continente americano e da escravidão dos africanos pelos europeus, teriam em suas mentes o estereótipo de um homem de pele escura, trazendo em seu rosto e nos olhos a marca do cansaço de sua alma, decorrente de suas lutas pela sobrevivência, um destes homens que moram no Brooklyn ou de uma favela. Deus que sabe todas as coisas continuaria insistindo. Um dos publicitários faz uma indagação: Porque o Senhor insiste tanto numa imagem que não alcançaria as pessoas mais importantes? Deus responderia todos importam, vidas humanas me importam. Outro responsável pela campanha de marketing, tentando mudar a opinião de Deus acrescentaria, mas as pessoas que terão afinidade com um homem de pele escura serão aquelas posicionadas na base da pirâmide social. Deus será taxativo e dirá “Vidas negras me importam”.
Esta narrativa é fictícia, Deus jamais usaria uma empresa de marketing como peça fundamental para realizar seu plano, no entanto, todo resto é real. Jesus veio para ser a luz do mundo, nasceu em uma família simples de Nazaré. Ao descrê-lo os romanos deram a ele uma imagem do belo para eles, porém, o Jesus histórico não é o mesmo das pinturas e do imaginário. Os nossos preconceitos são frutos de uma maldade que é despertada em nós por uma construção social, mas quando olhamos para o outro como a imagem e semelhança de Deus aprendemos que todos importam “Vidas humanas importam”.
Márcio Fostino.
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